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A PROFISSÃO E EU

A profissão e eu: a nossa história de vida faz-nos, a nossa personalidade desenvolve-se e o nosso perfil profissional vai desenhando-se. Se nascemos no campo ou na cidade, se os nossos pais liam ou não livros, se tivemos cães em casa na infância, se a nossa avó era querida, se tivemos acesso a bons professores, se tivemos modelos que nos inspirassem… Todas essas peças vão juntar-se de forma única e criar o nosso perfil pessoal. Este, tal como uma trança será um dos cordões do nosso perfil profissional. O outro cordão da trança será as nossas aptidões “práticas” por assim dizer, aquilo para que, independentemente de gostos, temos jeito.

Reside aqui a raiz mais natural da motivação – maior do que o dinheiro (e capaz de o atrair mais facilmente), maior do que o team buildings, e maior do que medalhas ao peito. Ter as nossas aptidões práticas, o nosso saber técnico, entrelaçado no nosso perfil pessoal, faz aglutinar as nossas ambições profissionais com as ambições pessoais. Quando entrelaçamos aquilo que faz de nós quem nós somos, a nossa busca interna mais profunda, a maior força da nossa personalidade, às nossas maiores aptidões práticas, técnicas, criamos o melhor combustível que há. Um combustível que conhecemos por motivação intrínseca e nasce de percebermos o que é aquilo a que vulgarmente se chama “vocação”. O que isso tem de importante é tirar-nos do lugar da tarefa, da obrigação, para nos transportar para o lugar do desejo, da ambição. Neste, nao há tanto cansaço, nem tantos horários, nem tanta distração, porque é o lugar onde nos ligamos mais a nós, onde nos sentimos mais realizados. Quando a realização pessoal é o grande objectivo final apaga-se a linha entre pessoal e profissional permitindo que um e outro se entreajudem. Aqui somos mais felizes e consequentemente mais produtivos, mais criativos, mais motivados.

Perceber a diferença entre esta motivação intrínseca e o simples ganhar um troféu no fim do dia ajuda-nos a evitar cometer alguns enganos. Esta é a explicação para que o “empurrar” de pessoas para aptidões técnicas que possuem mas que as põem a fazer coisas que odeiam, não cria grandes profissionais (nem pessoas felizes!). Optar por escolhas com “mais saídas” no mercado, para as quais até podem ter aptidão técnica, mas não perfil pessoal, muitas vezes deixa essas pessoas igualmente no desemprego e geralmente também na depressão. No melhor dos casos, vão levando o trabalho como podem, agarrando-se a outro tipos de motivação – elogios externos, compensações financeiras, boas condições (horários, localização, tranquilidade). Mas fica sempre um vazio, um desejo de encontrar um “verdadeiro amor”.

Conhecermo-nos melhor é indispensável para tudo, porque é que havia de ser diferente no que diz respeito à carreira…? Teste de cruzinhas não chegam para a complexidade das nossas personalidades (felizmente!). Quando nos conhecemos melhor, percebemos que há em nós um espectro muito maior de características e capacidades que nos tiram daquela ideia de que só podemos escolher entre o que já fazemos e o que faz o colega da secretária ao lado e isso é uma lufada de ar fresco. Começa-se então o melhor exercício de criatividade que há – pensarmo-nos em vários ângulos possíveis e a partir deles vermo-nos a desempenhar os papéis da nossa vida. A esses papéis chamaremos profissão.

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